segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Descascando a cebola.

Eu já sabia, mas permiti. E outra confusão se fez. Só que foi diferente. Dessa vez a dor foi infinitamente mais intensa. Senti por muitas semanas uma dor claustrofóbica, como se minhas emoções e sentimentos precisassem permanecer presos dentro de uma caixa, trancados à muito mais do que sete chaves, e bem fundo.
O processo de auto-conhecimento é longo, doloroso. Estava no caminho. Afastar ainda parecia ser a melhor saída, mas doeu muito e eu fui fraca. Dei um piti, arrumei desculpas mas a verdade esteve sempre ali. Senti saudades.
Pensei em dar um tempo, mas lembrei que já tentei isso antes, e foi em vão.
Então decidi usar outra estratégia. Percebi que precisava tirar cada escama desse sentimento que ainda me consome, e entender porque ele ainda está lá, martelando há tantos anos. Porque eu permito que isso me desestruture. Porque dou tanta importância pra algo que nunca existiu.
E me imaginei descascando uma cebola. Tenho uma sensibilidade ocular bastante comum e sempre choro. Mas o que seriam daquelas receitas sem o fritar da cebola?
Então, no final das contas, entendi que as lágrimas sempre valem à pena.
Basta entender porque elas caem, e não ter pressa em secá-las.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Mentalizando

Sigo aprendendo com as mudanças. Apesar de saber que estou amadurecendo e estou me tornando uma versão melhor de mim, existem inúmeras situações com as quais eu ainda não sei lidar.
Então percebo o grande aliado que possuo hoje: O silêncio.
Observo e permaneço em silêncio. E uso da surdez momentânea. Finjo que não ouvi certas palavras porque sei que elas tem um poder enorme de causar outra confusão.
Aprendi também com o tempo. O tempo, esse cara manso e constante. O tempo traz as respostas que precisamos.
Viver o agora parece-me uma excelente opção, embora sinta uma necessidade grande em controlar minha intensidade e ansiedade. Não dá pra ser a mesma menininha inconsequente de outrora.
Eu sei que muitas dúvidas batem à porta, principalmente nas madrugadas insones, mas estou me ocupando com outras perguntas.
As minhas urgências são outras. 
Precisam ser.

domingo, 13 de julho de 2014

Quanto tempo, hein?

Fiquei na dúvida, com o pé atrás. Não sabia bem como ia me sentir. Estava insegura talvez, mas de um jeito diferente. Não tinha muito a ver com as minhas inseguranças de outrora. Não era minha aparência. Era uma timidez que eu nunca pensei que iria sentir. 
Palavras faltando na minha boca? Que sensação nova e surpreendente!
Olhei várias vezes pros meus pés, buscando uma resposta. Será que eles suportariam a caminhada? Ou o tempo que eu poderia ficar de pé? Mas a resposta não estava lá.
Então procurei um pouco mais a fundo.
E enquanto a dúvida pairava, várias coisas foram acontecendo e me perguntei se não era um tipo de sinal do universo para que eu não fosse. Engraçado como a gente busca essas explicações para jusificar nossos medos. A verdade é que eu não sabia como EU ia me sentir. Porque mudei muito.
Não encontrei nenhuma resposta, mas fui. 
E apesar de todos os contratempos, bastante atrasada, eu acabei chegando.
Estacionei, desci e comecei a caminhar. Em meio aos tropeços, levantei o olhar e não avistei nenhuma cara conhecida. Já tinha chegado, e não ia embora assim, sem mais nem menos.
Olhei de novo, e dessa vez com mais vontade de encontrar. E lá estávam.
Prendi a respiração e continuei caminhando. Dessa vez, um pouco mais firme e decidida.
Fui encontrar os rostos que conhecia e que tanto me alegraram quando estavam presentes.
Foi tudo leve. E me agredeci por ter ido.
No fim de tantas memórias, antigas e novas, veio aquele abraço já perdido no tempo.
Não sabia o quanto precisava dele. Durante os segundos que durou, pareceu uma brecha no espaço e senti como se os anos nunca tivessem passado. Um sorriso tímido, contido, se deixou escapar bem baixinho entre meus lábios, e surpreendentemente foi retribuido da mesma forma. Que alívio! Até suspirei.
E meu coração se aquietou por uns instantes. Era isso que eu precisava.

*-*